Projeto

Aprendizado musical para toda a família

Orquestrando Sonhos começa a oferecer aulas teóricas e práticas de diferentes instrumentos para comunidade do Dunas

Foto: Italo Santos - Especial DP - Iniciativa teve aula inaugural na terça-feira (19)

Pais e filhos unidos pela música, trazendo uma outra perspectiva para a vida. Esse foi o convite que o Orquestrando Sonhos fez para crianças de todas as idades, que vivem no entorno da praça do Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU) Dunas, e suas famílias. A iniciativa, idealizada pelo músico João Marcos Negrinho Martins, teve a sua aula inaugural na noite de terça-feira. A proposta nasce de parceria entre a Secretaria de Cultura (Secult), o Fundo Social do Sicredi Interestadual RS/ES e o Círculo Operário Pelotense (COP).

As aulas de musicalização vão oferecer ferramentas necessárias para os participantes desenvolverem suas habilidades musicais, incluindo a apreciação e percepção musical, a prática de canto coral e instrumentos musicais, tais como violão, teclado, flauta doce, percussão, sopapo e cordas friccionadas. Para isto serão ministradas aulas técnicas e teóricas duas vezes por semana, nas terças e quintas-feiras, das 9h às 11h e das 15h às 17h no CEU Dunas, na rua 15, 165.

Negrinho Martins é também diretor musical da Camerata, que integra o Orquestrando Sonhos. "Que é dar trabalho para quem sai do projeto", diz Adriana Noronha, proponente. O projeto tem sido em outros locais, como o Círculo Operário Pelotense e escolas. Para o próximo ano o propósito é oferecer as oficinas na escola Louis Braille e assim formar diferentes pólos.

Oito professores atuam continuamente, mas a proposta é ter sempre convidados. Por exemplo, o músico Regino Matimbe, natural de Moçambique, um país da África Oriental, faz participações nas oficinas, nas quais fala sobre as suas experiências musicais. "A gente prima por equidade de gênero e também por resgatar a nossa ancestralidade", fala Adriana

As oficinas começaram agora porque os músicos não vão tirar férias, já que a Camerata vai tocar no Festival Internacional Sesc de Música, em janeiro. Se por um lado os professores estavam disponíveis, as crianças também, visto que a maioria delas está vivenciando o período de recesso escolar. "Vimos que muitas crianças ficavam soltas na praça", comentou Adriana. Com execução do Orquestrando, estes pequenos podem dedicar parte do dia ao aprendizado da música.

Ter o Orquestrando em funcionamento durante o Festival também pode ser um link interessante para o projeto, neste mês no qual Pelotas atrai a visita de centenas de músicos, que podem se interessar em participar. "No ano passado a gente veio aqui pelo Festival e acabamos conhecendo a praça CEU", relembra Adriana.

Junto dos familiares

O convite do Orquestrando é extensivo aos pais, avós e cuidadores, que também poderão ter a sua inicialização musical. "A gente trabalha muito com a família para que ela apoie, caminhe junto. Porque se não a família fica distante da música e não entende que a criança tem que estudar", argumenta Adriana.

Nos próximos encontros os grupos etários vão ser separados para que seja aplicada uma metodologia de ensino apropriada a cada faixa de desenvolvimento. "No início vai ficar um pouco disparelho, mas a nossa ideia é que eles evoluam. A gente já trabalha com crianças e é muito gratificante", diz o idealizador do projeto.

Segundo Martins, é perceptível o desenvolvimento cognitivo e motor das crianças que participam das aulas. O instrumentista também lembra que a música acaba impondo uma necessidade de disciplina. "Porque a gente toca, mas tem que ouvir o outro também, tem também a disciplina de estudo", comenta.

Sopapo do griô

O mestre griô Dilermando Freitas é, juntamente com a líder comunitária Simone Martins, responsável pela praça CEU, ligada à Secretaria de Cultura. "É uma ferramenta super importante para a comunidade, um espaço que nos possibilita muitas coisas", diz Freitas. A praça CEU tem cinco anos, mas teve suas atividades paralisadas durante a pandemia.

Para a alegria do griô, o Orquestrando vai ao encontro do projeto que Freitas desenvolve quanto griô, que é falar sobre ancestralidade e negritude, a partir do sopapo. "Eu sou percussionista desde os 13 anos, mas foco no tambor de sopapo porque num primeiro momento eu tinha uma memória ocular do tambor no meu bairro, que é próximo a Ramiro Barcellos, e naquela época eu nem pensava em tocar", relembra.

Desejo de aprender

Neste primeiro encontro o projeto recebeu 38 inscrições, a maioria de crianças. A dona de casa Sandra Medina de Oliveira levou a filha Queila Medina de Oliveira, 11, porque a menina quer aprender a tocar violão. "Como a gente é de uma igreja em que de um lado ficam as irmãs e de outro os homens, é muito difícil os homens ensinar as meninas. Deus nos deu essa oportunidade para ela aprender de graça", disse.

Queila, estudante da sexta série do Ensino Fundamental, toca órgão a mãe apoia o desejo da menina em aprender a tocar instrumentos musicais. "Acho ótimo, lindo. Tem uns que nascem com o dom e outros com a vontade de aprender", diz.



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